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Os ponteiros avançam às horas e isso não me surpreende
Perdem a coragem quando mais confiantes se sentem
Por um descuido tropeça, um resfriado o pega do nada
Garganta resseca, pupila dilata
Vou ouvir um pouco a voz que chora e suplica
Sua existência e vida se não entende complica
Cumprimentando a mesma mão que enforca e sugere
Na pele a tatuagem da imagem daquilo que fere
Eu vou além do que propõem as expectativas
Estou além do que me impõem com suas convicções
Então transbordo como as espumas dos chopes populares
Dos botequins mais fétidos, os banheiros dos bares
Nos lares os pares imaginários, os pares nos vários bares
Aplaudem os styles vários que voam pros ares
Aonde os males se esvaem?
Aritmética, arritmia, ritmo, poesia
Sem métrica, do intimo. Rap é poesia!
Você me vê em forma de letras, letras de fôrma
Pra não julgar que não entende o que me lê
Como num clima de inverno futuro quero um abraço
Pra aquecer esse eterno soturno: Um uísque e dois maços
Vem vê
Troquei algumas coisas de lugar
Agora não se renda ainda temos uma vida! Ah!
Um dia esses vícios vão se empoeirar como livros na estante
Cobertos de pó delírios alucinantes de meros instantes e só
Com seu choro inibido toma o seu comprimido só para se sentir melhor
E então sairá pela madrugada afora coberto de frio e sonâmbulo
Ao raiar da aurora o amor à procura de um sonho esperando até agora
Voltar para casa antes mesmo de a Lua ir embora
Na próxima noite embriagado na loucura caído e rodeado pelos cachorros da rua
Que expondo suas feridas começam a lamber
Tão feias mais tão feias que ninguém tem coragem de ver
Enquanto isso os lares imaginários, os pares nos caros bares
Aplaudem os styles vários que voam pros ares
Aonde os males se esvaem? Me falem!
É um moinho de vento que dilacera e assola a gangorra que a dor se eleva até ir sumindo Por onde os limites se encerram agora e eu os ultrapasso acenando e sorrindo
Existem olhos que se abrem e não cabem em si de tanto horror de tanto terror, dor
E também de outras coisas que vemos quando os olhos se abrem
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